DEPARTAMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - NATAL


segunda-feira, janeiro 31

domingo, janeiro 30

Sonhos

Há um tempão, o livro "Cuidado, Escola!", lançado em 1980, alertava de forma humoristíca, mas bastante crítica, o descompasso entre professores e alunos. Cada um com seus sonhos, embora não se reconhecessem um no outro.
A escola à época parecia um território ocupado por dois sujeitos distintos sem nada a aproximá-los. Saídos do vendaval que foram os anos 60 e da era disco music, os professores encaravam os adolescentes da música pop como verdadeiros alienígenas, desagregados, descompromissados, não "engajados" em coisa alguma. Não sabiam nem mesmo dizer o porquê de estudar, se escola não era lugar para isso. Ou era?
Escola sempre foi - e continuará sendo - o lugar apropriado ao ensino, à aprendizagem. Entretanto, não tão somente a isso. E aí reside o perigo: aos olhos de alguns, nada mais deve ser considerado na escola, aquele lugar cercado de muros, guarita, às vezes pintado de cores pálidas, paredes rabiscadas pelos mais atrevidos - ou mais criativos?
A escola não é só um prédio. Existe ali uma pulsão que se renova a cada gesto de alguém, por mais despretencioso que seja. São esses gestos que precisam ser considerados para que a educação produzida naquele espaço não seja um ser natimorto. Como a corda que vibra ao tocar do aro, a educação necessita que seus professores considerem os ruídos produzidos por seus alunos, que eles sejam vistos como indivíduos.
Não significa, porém, que esse aluno terá um campo de batalha a travar no meio de quadras e/ou pátios, brigando, considerado um coitado a quem tudo falta - desde uma comida decente a uma família estruturada. Escola não é lugar para se conviver com dó de alguém. É lugar onde as diferenças precisam ser respeitadas, ensinando-se, sim, respeito, limites.
No ensinar está implícita a ideia da tolerância, da responsabilidade com aquele que aprende. É necessário clareza nos compromissos, nos contratos realizados entre professores e alunos. Não se ensina bem quando se tem pena daquele que aprende; não se aprende bem quando não se respeita aquele que ensina. Via de mão dupla, no ensinar há de ter, sobretudo, cumplicidade entre os sujeitos envolvidos.
By Ednice Peixoto.