DEPARTAMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - NATAL


sábado, março 19

segunda-feira, março 7

Bullying



Há muitos acontecimentos na escola despercebidos pelo professor, alguns desses, inclusive, incentivados por atitudes do próprio professor. Há professores que por dificuldade de memorização, falta de interesse, ou acúmulo de trabalho, não chamam seus alunos pelos nomes, preferindo nomeá-los pelos números do Diário de Classe, ou, o mais grave, pelos apelidos dados pelos colegas. Apelido em escola é uma praga. É a face engraçadinha do Bullying.
Para conhecer seus alunos o professor deve deixar o refúgio da sala dos professores e sair ao pátio na hora do intervalo e observar. Apenas isto: observar as correrias, os (mal)ditos, as brincadeiras de empurrões, a hora de pegar a merenda, a aglomeração de alunos no portão. Observar os que correm e os que se escondem.
Os que correm são os “donos” do pedaço, os que já conhecem a escola, são alunos antigos, os que dominam todo o território. E dominam os que se escondem. Estes se escondem exatamente porque não conseguiram – ainda – o domínio do terreno, não descobriram a forma de serem respeitados. Infelizmente, alguns serão respeitados depois de baterem em alguém – de preferência um da turma do líder.
Essa situação não é nova para ninguém que vive em escola. O grave é que muitos fazem de conta que ela não existe, que os alunos irão se acomodando aos poucos, encontrando o equilíbrio entre os diversos grupos que transitam na escola. É comum diante de uma situação assim, conversar-se com os pais do aluno e explicar-lhes que o melhor é transferi-lo para outra escola onde ele se adaptará melhor, fará novos amigos. Como fará novos amigos se é de sua natureza não ser agressivo, amedrontar-se diante dos mais altos que gritam? A escola tem a ilusão que ao transferir o aluno, o problema será resolvido. Não será.
Ou a equipe gestora da escola toma providências logo de saída, enfrenta o problema cara a cara, mobiliza seu quadro docente, funcionários, família e alunos e conversa abertamente sobre o problema, ou a indisciplina cresce, tomando proporções insustentáveis. Crianças e adolescentes precisam de limites. Para isso, não se precisam de gritos, autoritarismos, suspensões rotineiras, ameaças do tipo “se você não se comportar, vou mandar chamar sua mãe”. Nem sempre adianta chamar mãe – pai, nem se fala! – porque em casa nem sempre é rara uma atitude de gritos, tapas, violências. É lá que o aluno aprendeu que quem manda é aquele que grita, humilha.
É uma tarefa das mais difíceis. A escola tem que desconstruir o modo de ser do aluno, descaracterizar como objeto o que bate e o que apanha, o que grita e o que cala. Humanizar as relações, construir uma cultura de respeito ao semelhante, ensinar ao professor que ele não deve numerar alunos, que para ser aceito e respeitado não lhe cabe aproximações através de pseudo intimidades por apelidos. Os alunos não gostam. São travessos, tiram do sério o adulto, mas compreendem regras quando estas lhe são explicadas e justificáveis.
By Ednice Peixoto.