DEPARTAMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - NATAL


domingo, janeiro 30

Sonhos

Há um tempão, o livro "Cuidado, Escola!", lançado em 1980, alertava de forma humoristíca, mas bastante crítica, o descompasso entre professores e alunos. Cada um com seus sonhos, embora não se reconhecessem um no outro.
A escola à época parecia um território ocupado por dois sujeitos distintos sem nada a aproximá-los. Saídos do vendaval que foram os anos 60 e da era disco music, os professores encaravam os adolescentes da música pop como verdadeiros alienígenas, desagregados, descompromissados, não "engajados" em coisa alguma. Não sabiam nem mesmo dizer o porquê de estudar, se escola não era lugar para isso. Ou era?
Escola sempre foi - e continuará sendo - o lugar apropriado ao ensino, à aprendizagem. Entretanto, não tão somente a isso. E aí reside o perigo: aos olhos de alguns, nada mais deve ser considerado na escola, aquele lugar cercado de muros, guarita, às vezes pintado de cores pálidas, paredes rabiscadas pelos mais atrevidos - ou mais criativos?
A escola não é só um prédio. Existe ali uma pulsão que se renova a cada gesto de alguém, por mais despretencioso que seja. São esses gestos que precisam ser considerados para que a educação produzida naquele espaço não seja um ser natimorto. Como a corda que vibra ao tocar do aro, a educação necessita que seus professores considerem os ruídos produzidos por seus alunos, que eles sejam vistos como indivíduos.
Não significa, porém, que esse aluno terá um campo de batalha a travar no meio de quadras e/ou pátios, brigando, considerado um coitado a quem tudo falta - desde uma comida decente a uma família estruturada. Escola não é lugar para se conviver com dó de alguém. É lugar onde as diferenças precisam ser respeitadas, ensinando-se, sim, respeito, limites.
No ensinar está implícita a ideia da tolerância, da responsabilidade com aquele que aprende. É necessário clareza nos compromissos, nos contratos realizados entre professores e alunos. Não se ensina bem quando se tem pena daquele que aprende; não se aprende bem quando não se respeita aquele que ensina. Via de mão dupla, no ensinar há de ter, sobretudo, cumplicidade entre os sujeitos envolvidos.
By Ednice Peixoto.

Um comentário:

PROFESSORA Mª CRISTINA (ESCOLA TÂNIA ALMEIDA) disse...

EXCELENTE, O TEXTO PROFESSORA EDENICE.