DEPARTAMENTO DE GESTÃO ESCOLAR

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO - NATAL


terça-feira, setembro 20

SoNHoS


Não sei na ponta do lápis quanto se gasta em esporte e em Educação nesse país, especificamente nesta cidade. Pode até ser que sejam números iguais ou com pouca diferença - ou até mesmo mais em Educação. A questão não é essa.


A questão é que nossos alunos a cada dia ficam mais desmotivados com a escola, perguntando-se para que vai servir aquilo que ali estão a aprender - quando aprendem! É muito mais atraente ser jogador de futebol que qualquer outra coisa. Estou falando dos sonhos de alunos de escolas públicas; os da escola privada, às vezes não precisam construir sonhos, os pais já deixam consultórios, escritórios montados com clientela certa.


Há um tempo atrás eu ficava quase que horrorizada quando meus alunos queriam ser empregados do Nordestão - não que o emprego não seja decente; mas, impressionava-me a falta de perspectativa, como eles não pensavam em ser médicos, advogados, técnicos em alguma coisa - ou professores! Depois, compreendi que eles não queriam sonhar e se esborracharem no chão da decepção, porque os empregos mais altos já estavam ocupados, a escola - nós, professores! - não estavámos dando-lhes condições de competir em pé de igualdade com alunos saídos de colégios particulares.


Dessa leva de décadas atrás, poucos se transformaram em médicos, advogados, administradores, engenheiros, professores; muitos trabalham em hotelaria, comércio, supermercados; ainda outros morreram vítimas de drogas, brigas de gangues, tiros cruzados no bairro onde moravam. Os que hoje estão na escola nem sempre sonham com o Nordestão, até isso se tornou um sonho alto demais!


Quando vemos aluno de cinco anos dizendo à professora que quer ser gari, quando o aluno do ensino médio diz que não sabe diferenciar vogal de consoante, é trágico. No primeiro caso, é a vivência da criança, o pai é gari e ele acha o máximo correr atrás daquele caminhão, recolhendo o lixo. Pode até ser que mude de idéia. No segundo caso, não há nada a declarar.


Só a lamentar. E fica deverasmente horrorizada.


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